O triatleta Samuel Bortolin é um exemplo inspirador de determinação. Apesar de sua paralisia cerebral com triplegia, que afeta seus braços e pernas, diagnosticada aos oito meses de idade, ele não se deixou limitar e decidiu se tornar um atleta de triathlon em 2017. Desde então, já acumulou oito provas da modalidade em seu currículo.
A decisão de ir atrás dessa conquista foi feita em 2016, no seu aniversário, dia 11 de agosto, onde definiu que, até um ano depois, poderia dar finalmente 'check' no objetivo. Porém, ele pôde fazer isso antes mesmo do esperado, em abril de 2017, quando participou da sua primeira prova de triatlo, em Brasília. Para ajudá-lo, contou com uma equipe de 8 pessoas e colocou em prática tudo que foi planejado. “Um sonho para se tornar um objetivo ele tem que ter meta, prazo e estrutura do que é necessário fazer”, conta Samuel.
Para além dos esportes, o triatleta já era frequentador de Brasília devido à falta de serviços de saúde em sua cidade natal, Barreiras, na Bahia. Desde pequeno, Samuel ia ao Hospital Sarah Kubitschek. Agora, aos 34 anos, compartilhou conosco qual é seu lugar favorito do quadradinho: "Meu lugar preferido para ir, e fazer as provas também, é o Pontão do Lago Sul. É muito especial para mim, foi onde eu nadei a primeira vez no Lago e eu acho o lugar lindo, principalmente à noite”. Mas Samuel não parou por aí. Ele também se tornou um palestrante, compartilhando sua história de vida. “Brasília sempre me acolheu muito bem, sempre foi uma cidade que me abriu portas para conhecer muita gente. Foi aqui onde eu tive o meu primeiro palco para mil pessoas”, completou. Suas palestras já alcançaram um público nacional e inspira muitos indivíduos ao redor do país.
Sobre a influência que carrega, Samuel conta que, por ter sido sempre considerado o menor e o mais fraco quando criança, teve que aprender a se comunicar muito bem para tentar evitar situações de bullying que, na época, não tinha políticas de combate na escola. Por não conseguir correr, ele diz que até mesmo assaltos conseguiu evitar por saber se comunicar bem. “A comunicação, para mim, foi sobrevivência”, ressaltou. Com isso, se juntou a sua mãe para que existisse uma inclusão por iniciativa dele mesmo. Participava do time de futebol e fazia o que podia para contribuir nos jogos: “A necessidade me fez virar líder”, conta.
Para o baiano, suas conquistas no esporte representaram uma parte importante em sua vida, afinal, foi a primeira pessoa no mundo a completar uma prova de triatlo com o nível de paralisia que ele tem, mas destaca que, ao longo da vida, foi se adaptando. Hoje, se dedica muito mais às palestras, onde consegue trabalhar em família, com sua esposa, e pode ter mais tempo com seu filho pequeno.
Samuel já participou de grandes eventos em Brasília, entre eles, o Top 10 Empresarial, da N Produções, e, recentemente, o encontro de empresários Iron Business. "São esses ambientes que eu gosto de estar, porque eu acredito que o ambiente é uma mola propulsora que nos faz evoluir", conta.
Aos leitores do Visite Brasília, Samuel deixou um aprendizado: “Faça da sua dificuldade o seu motivo”. Devido à deficiência, ele chegou a ficar depressivo ao enxergar um mundo onde tudo seria mais difícil. Porém, depois de refletir sobre onde esse pensamento estava levando ele e seus pais, resolveu inverter a situação: “Eu comecei a parar de usar minha dificuldade como desculpa para não fazer e passei a usar ela como uma mola propulsora. Se a vida tem uma régua diferente para mim, eu tenho que entregar mais. A partir daí minha vida mudou”. Mas vale lembrar que nenhuma mudança é do dia para noite, é um processo longo, quase que um trabalho de formiguinha, basta ter a determinação e esforço de um Samuel Bortolin.
Texto: Júlia Marques | Visite Brasília
Foto: Reprodução/Facebook









