LUÍS TAJES
Minha paixão pela fotografia começa em Porto Alegre, minha querida e saudosa terra natal. Surgiu quando eu tinha uns 17 anos.
Depois de passar pela Focontexto, agência fotográfica que pertencia ao mestre e amigo já falecido Assis Hoffmann, e por uma assessoria de comunicação de uma grande estatal do Rio Grande do Sul, ela, a fotografia, me levou a procurar um mercado que tornasse meu voo mais alto e sedutor.
Foi então que desembarquei, depois de vinte e tantas horas de estrada, no terminal rodoviário da cidade do Rio de Janeiro, numa sexta-feira quente e abafada.
Na segunda-feira, estava trabalhando como colaborador do jornal O Globo, convite do então editor de fotografia, também mestre e amigo, Erno Schneider, o cara que fotografou Jânio Quadros com os pés tortos, no período mais confuso de seu curto mandato. Foto-ícone, modelo para tantas outras, prêmio Esso de jornalismo.
Quatro anos depois, chego a Brasília. Procuro o fotógrafo Márcio Arruda, então editor de fotografia do Correio Braziliense, outro amigo, outro cara que me ajudou a crescer profissionalmente. Já era, então, 1986.
Outra vez, viro colaborador e começo minha longa caminhada no jornal onde realmente tive a oportunidade de conhecer parte do mundo e, principalmente, começar a amar a cidade que escolhi para viver e fotografar!
Brasília, que até então eu só conhecia por fotos e imagens de televisão, a cidade dos “traços do arquiteto”, de Legião Urbana, Plebe Rude e Cássia Eller, me mostrou que era e tinha muito mais do que isso. Descobri que, aqui, tinha vida, e muito boa. Que havia outras coisas além do poder e daqueles que transitavam em torno dele – e que eu, muitas vezes, tinha que fotografar, algo que não conseguia fazer com prazer.
Minha preferência sempre foram as coberturas fotográficas de rua, o cotidiano, a vida e as histórias de pessoas, o esporte, os retratos e a paisagem de uma cidade que é capaz de te dar a perfeita sensação de que a terra é, de fato, redonda.
Mesmo visto do chão, sem voar alto, este céu dá a real dimensão de onde estamos. Um horizonte inteiro ao alcance do nosso olhar.
Não foi por acaso que durante esse tempo todo, mudei, saí de Brasília duas vezes, mas acabei voltando. Porto seguro, cidade mãezona do chão vermelho, sempre de braços abertos, esperando o regresso de seu filho adotivo.
Depois de mais de meia vida no fotojornalismo, resolvi mudar de profissão, montei meu próprio negócio, voltado para gastronomia.
Larguei a fotografia, briguei com ela, mas a danada não me largou! A cabeça tinha se transformado em câmera. Para onde eu olhava, enxergava uma bela foto, um bom retrato ou algo que serviria para denunciar visualmente mais algum absurdo.
Resisti até onde pude, mas acabei me entregando e voltando a carregar a velha bolsa, a viver minha real profissão nessa cidade linda que me abraçou e que, para mim, é a melhor e mais linda modelo fotográfico que já conheci, ora com seus gramados marrons e ressecados, ora verdes, mas sempre encantadores e fotogênicos. Coloridos ou em preto e branco.
Atualmente estou trabalhando como fotógrafo da Secretaria de Turismo do DF.
Hoje posso voltar a dizer que uma de minhas paixões é a fotografia e que um de meus amores é Brasilia!
É assim que a vida segue, até quando me permitirem.
Luís Tajes – Jornalista/Repórter-Fotográfico