Olá queridos leitores.

Nossa jornada pelos sabores do cerrado continua e hoje trago para vocês um pouco mais sobre o Buriti. Muitos nem sabem do que se trata o Buriti. Não sabem se é animal, flor, folha ou fruto. Temos um palácio do Buriti que recebe este nome por causa da grande árvore que está lá desde antes da construção de Brasília, por onde certamente todos nós passamos com certa frequência, mas nunca damos a devida atenção. Este é certamente um dos mais preciosos frutos que temos, e vou apresentar quais são os motivos que fazem o Buriti ter essa importância.

Vivemos um momento altamente polarizado no mundo, com diversas manifestações, muitas ordeiras, outras nem tanto, mas que ganham as manchetes dos jornais, porém, à manifestação silenciosa e vital do Buriti não damos a devida atenção. O Buriti (Mauritia Flexuosa) é literalmente uma bandeira nativa do Cerrado, mas que está presente em praticamente todos os biomas brasileiros. Quando digo bandeira me refiro à sabida importância da planta como indicativo de água e da fertilidade do solo onde está presente.

O buriti é um tipo de coco ácido, muito saboroso e de cor alaranjada intensa. A ideia de acidez no primeiro momento pode soar estranha, ainda mais quando associada a um coco, mas esse azedinho peculiar é muito instigante e agradável ao paladar. Muito utilizado na produção de doces, é um dos poucos frutos de cerrado que possui uma cadeia mercadológica ativa, mas que mesmo esta é restrita (em larga escala) a oferta em forma de barra, vendida nas feiras. Muito além dos frutos altamente calóricos e nutritivos, a árvore do buriti também é utilizada como fonte de extração de açúcar de sua seiva, como cobertura de casas ao usarem suas resistentes palhas e também no artesanato, já que sua inquestionável beleza similar ao couro dos répteis, pode ser aplicada em várias peças decorativas.

A vida me deu a graça de conhecer muitas pessoas criativas e que amam nossos frutos. Em 2019 tive contado com o engenheiro florestal Afonso Rabelo e que me serviu como estimulante na busca por conhecimento e respeito ao que é nosso. Para demonstrar a versatilidade do buriti o Afonso criou mais de 100 produtos com o fruto, que vão desde repelentes à produtos de beleza e hoje é uma referência sobre o cultivo e beneficiamento do Buriti. A Universidade Federal do Piauí também fez descobertas muito interessantes sobre o uso do óleo de buriti no tratamento da Covid-19, sendo este, segundo os estudos, um inibidor do avanço da doença.

Minha praia é bem mais para o lado da gastronomia e por isso colocarei aqui minha sugestão de um dos meus mais conhecidos preparos com o fruto, o molho barbecue de buriti e pimenta rosa (que inclusive comentei sobre ele aqui na coluna quando falamos sobre a pimenta rosa). O preparo é muito fácil. Misture 200g de doce de buriti com 200g de água e leve em fogo médio até derreter. Acrescente sal, 50g de vinagre de vinho branco e pimenta rosa. Deixe cozinhar até que ganhe consistência de molho e sirva. Vai muito bem com carnes de todos os tipos.

Permita-se ser surpreendido pelo buriti e faça visitas aos pontos turísticos para conhecer mais sobre essa riqueza. Além do já citado Palácio do Buriti, um buritizal muito bom de visitar fica no parque da cidade, bem próximo ao estacionamento 8. Lá você inclusive poderá experimentar o sabor do Buriti e entender o que me faz ser tão encantado por ele.

Até a próxima semana.

Chef Vinícius Rossignoli


Fotos: Banco de Imagens



https://antigo.visitebrasilia.com.br/vb/noticia/o-bruto-do-cerrado/