O Lago Paranoá foi criado para amenizar o clima seco da capital, mas acabou se tornando o cenário de uma das histórias esportivas mais vibrantes do país. Entre as décadas de 1990 e 2000, Brasília viu nascer o wakeboard brasileiro, transformando o espelho d’água em palco de manobras, desafios e conquistas que colocaram a cidade no mapa nacional e internacional do esporte.
Os primeiros rolês
Tudo começou entre 1996 e 1997, quando pioneiros como Décio, Tomback, Henrique, E.T, Christian e Juarez começaram a deslizar pelas águas do Paranoá, improvisando os primeiros “rolês” de wake. Depois de uma temporada nos Estados Unidos, Tomback e Henrique trouxeram novas técnicas e equipamentos, impulsionando o nível das manobras.
Em 1998, o primeiro campeonato de wakeboard de Brasília, realizado ao lado da Ponte do Pontão, reuniu atletas e curiosos para assistir a um espetáculo inédito. Naquele ano, E.T subiu ao pódio com o 3º lugar na categoria Expression Session, marcando o início de uma era.
Brasília entra no mapa nacional
O ano de 1999 foi um divisor de águas. Os atletas locais passaram a competir no Circuito Brasileiro, levando o nome de Brasília por todo o país. As manobras ousadas de E.T — incluindo os primeiros KGB, Pete Rose e 911 executados no Brasil — renderam à equipe o título de melhor do país, e ao atleta, o prêmio de Revelação Nacional.
Pouco depois, em 2000, E.T se tornou o primeiro atleta profissional de Brasília, abrindo caminho para novas gerações.
Do Paranoá para o mundo
Nos anos seguintes, o talento brasiliense cruzou fronteiras. Em 2001, o esporte ganhou visibilidade internacional com a vinda dos ícones americanos Parks Bonifay e Scott Byerly, e a participação de E.T no filme Natural Born Thrillaz.
Entre 2003 e 2004, E.T treinou em Orlando (EUA) e conquistou o título de campeão profissional sul-americano em Brasília.
Em 2006, Val fundou a WakeBrasília, instituição que se tornaria referência nacional, junto ao lançamento da revista WakeBrasil — marcos que consolidaram o movimento local.
Uma geração de campeões
A capital revelou atletas que se tornaram símbolos do wake nacional e internacional:
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Testa – Vice-campeão Latino-Americano Juvenil (1999) e Campeão Brasileiro Open (2000)
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Felipe Miyamoto – Campeão Sul-Americano (2005), Vice-campeão Mundial Master (2014) e Campeão Pan-Americano Master (2015)
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Val – Campeão Brasileiro Avançado (2004)
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Xexa – Seis vezes Campeã Brasileira de Wakesurf, referência feminina na modalidade
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Lucas Werthein, Bresco e Michele – nomes que ajudaram a ampliar o legado brasiliense
Desde 2011, a WakeBrasília é comandada por Felipe Miyamoto, que segue fortalecendo o esporte e mantendo viva a paixão que começou com os primeiros saltos no lago.
O legado continua
Quase trinta anos depois dos primeiros “rolês”, Brasília volta a celebrar sua história com o Wake Up Brasília 2025, festival que reafirma o protagonismo da capital nos esportes aquáticos.
De 13 a 16 de novembro, o Parque Deck Norte se transformará em uma arena de esporte e cultura, com oito modalidades urbanas gratuitas, além das competições de wakeboard e wakesurf, reunindo nomes como Felipe Miyamoto, Pedro Scooby, Gabriel Pastori e Marcelo Trekinho, do canal UARADEI.
Mais do que um festival, o evento é uma homenagem a quem acreditou que o Lago Paranoá podia ser mais do que um espelho d’água — podia refletir sonhos, conquistas e uma história que continua sendo escrita, manobra após manobra.
Fonte: Assessoria Wake UP








