Com o intuito de discutir e difundir a cultura popular e os teatros de terreiro e de quintal, o Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro volta em setembro, em sua quarta edição, apresentando ao grande público toda a sua contemporaneidade, suas estruturas dramáticas, seus símbolos, seus atores-brincantes, suas técnicas históricas e modernas, por meio de grupos que têm em suas bases essas manifestações.

A abertura será no sábado (31/8), no  Ilê Axé Oyá Bagan, no Núcleo Rural Tamanduá, Paranoá, com a Orquestra Alada Trovão da Mata: As Princesas do Cerrado ou A Onça Pintada de Sol, a partir das 22h. As apresentações e rodas de conversas ocorrem entre os dias 9 e 15 de setembro, no Centro Tradicional de Invenção Cultural, na 813 Sul, importante território cultural do Fuá de Seu Estrelo e do Distrito Federal. 

A entrada é gratuita, mas é preciso a retirada do ingresso a partir de 24 horas antes de cada apresentação, pelo Sympla. O espaço tem capacidade máxima de cerca de 200 pessoas, sendo sujeito à lotação. O Festival é realizado com Fundo de Apoio à Cultura (FAC/DF) e incentivo da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec).

Mestre Tico Magalhães, idealizador do projeto, destaca que o festival busca o teatro brasileiro por meio de sua extensa linguagem oral, gestual e corporal e feito pelo povo, dentro de seus brinquedos. Mas essa busca também inclui artistas e grupos que fazem sua arte em consonância com o que a tradição popular brasileira criou ao longo de sua imensa trajetória. 

"O Teatro de Terreiro é um conceito que criamos com o objetivo de definir a nossa artesania teatral e essa forma popular de se fazer teatro. É um teatro de encantaria, de quintal, feito para a comunidade e, por isso, tão universal", explica Magalhães. " O Teatro de Terreiro não vislumbra o mercado cultural e não é voltado ao entretenimento, mas ao conhecimento. Uma feitura de teatro artesanal, inventiva e não colonial", sublinha Tico. 

O pernambucano Mestre Aguinaldo é um dos artistas confirmados na programação, apresentando o espetáculo A Flor de Cana. "É um trabalho meu, uma vontade que eu tinha. De tanto virem pesquisar a cultura pernambucana, principalmente o Cavalo Marinho e o Maracatu, e as pessoas me convidarem para assistir o trabalho delas em cima dessas manifestações, veio a ideia de montarmos o espetáculo, já que já tínhamos a faca e queijo na mão", conta o Mestre. 

 

Aguinaldo tem mais de 40 anos de brincadeira no Maracatu e no Cavalo Marinho. Desde os seus 12 anos faz da sua vida a sua arte, sempre mergulhado nas brincadeiras tradicionais do Brasil, sobretudo da Zona da Mata Norte de Pernambuco. 

Espiral Brinquedo Meu é o primeiro trabalho solo do músico, ator e dançarino pernambucano Helder Vasconcelos, datado de 2004, após 11 anos de atividades com o conceituado grupo musical Mestre Ambrósio. "Meu trabalho aborda um universo de lugares e pessoas que eu conheço, seja uma pessoa específica ou um jeito de ser, principalmente das tradições do Cavalo Marinho e Maracatu Rural, originário da Zona da Mata Norte de Pernambuco. É o mesmo espetáculo que faço há 20 anos e é uma alegria poder apresentá-lo em Brasília e dentro da proposta do festival", comemora Vasconcelos. 

O festival já trouxe à capital federal 16 grupos vindos de cinco estados brasileiros, reunindo mais de 90 artistas, gerando um público de mais de 10.000 espectadores, nas três edições que já ocorreram. Nomes consagrados como o multiartista Antonio Nóbrega (PE) e grupos de reconhecimento internacional como o Grupo Galpão (MG) e o Grupo Lume (SP) passaram pelo Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro. 

Seu Estrelo: prêmios e reconhecimento 

Em 2007, o Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro recebeu do Ministério da Cultura o prêmio de Culturas Populares pela importância de seu trabalho. Em 2009, o grupo ganhou o Prêmio Funarte Teatro de Rua e lançou seu Diário de Bordo, onde relatou as visitas feitas a grupos e mestres populares do DF dentro do projeto "Caravana Seu Estrelo". 

O Prêmio de Música do Sesc-DF veio em 2016 e, dois anos mais tarde, é reconhecido pelo Prêmio Culturas Populares da Secretaria de Cultura do DF. 

Tico Magalhães, fundador do Seu Estrelo, recebeu, em 2019, a moção de louvor da Câmara Legislativa do DF (CLDF), por ser considerado um importante personagem da história, da cultura e da educação de Brasília. Finalmente, em 2024, a manifestação do grupo foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do DF.

Serviço

Abertura: 31 de agosto, no Ilê Axé Oyá Bagan, no Núcleo Rural Tamanduá, Paranoá. 

Apresentações: 9 a 15 de setembro, no Centro Tradicional de Invenção Cultural, na 813 Sul. 

Ingressos: gratuitos, retirada pelo Sympla, a partir de 24 horas antes de cada apresentação. 

Programação do 4º Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro 

Abertura do Festival

Dia 31/08/2024 (Sábado)

Orquestra Alada Trovão da Mata (DF): As Princesas do Cerrado ou A Onça Pintada de Sol

Horário: 22 Horas
Local: Ilê Axé Oyá Bagan, Paranoá.
Evento: Festa da Dona Sete Enruzilhadas

DIA 09/09/2024 (Segunda)

10H - Apresentação em Escola Pública do DF (Ceilândia) - Zé Regino: Carriola (DF)

20H - Aula espetáculo: La Mínima (SP)

DIA 10/09/2024 (Terça)

20H - Mundu Rodá (SP) 

DIA 11/09/2024 (Quarta)

20H - Odília Nunes (PE): Decripolou Totepou

DIA 12/09/2024 (Quinta)

10H - Apresentação em Escola Pública do DF (Paranoá) - Mamulengo Fuzuê (DF) 

20H - Roda de Conversa: Mestra Nice (PE) e Tico Magalhães (DF) 

DIA 13/09/2024 (Sexta)

18:30H - As Caixeiras Cia. de Bonecas (DF)

20:30H - Seu Estrelo - 6º roda: O Alado ou O Portão do Qualquerer (DF)  

DIA 14/09/2024 (Sábado)

18H - Mestre Aguinaldo (PE): A Flor da Cana

20H – Seu Estrelo - A 4º Roda ou O Amor é Um Rio sem Margem (DF) 

DIA 15/09/2024 (Domingo)

17H - Coletivo EntreVazios - Maysa Carvalho (DF) 

20H - Helder Vasconcelos (PE)






Fonte: La Pauta Comunicação