Ansiedade, noites insones e madrugadas furtivas. Ingredientes de uma alma penada, em sofrimento, também podem ser uma mistura ideal para encontrar os delicados tons da manhã e os brilhos do começo do dia. Há anos caminho pelas avenidas de Brasília procurando a luz correta e a sintonia das formas. Levanto às vezes à noite, outras vezes de madrugada e saio procurando imagens que formam o meu feed no Instagram.
Formei na UnB em Arquitetura e fiz pós-graduação na Universidade de Cornell, no EUA. Conheço bem a cidade. Mudei para Brasília em 1961 e estive aqui a primeira vez em 1958. Acompanhei meu avô, Israel Pinheiro, durante a construção da cidade e, portanto, vivi as formas e as reformas dos monumentos, do perfil e das crises da cidade.
Fotografia faz parte de minha formação profissional. Comecei em 1968 como laboratorista do Correio Braziliense em seguida trabalhei durante dois anos no Jornal O Estado de São Paulo e finalmente, em 1974, na revista Veja.
Depois de seis anos nos Estados Unidos voltei para trabalhar com pesquisa social em Minas Gerais. Só em 1985 retornei à Brasília e apenas em 2012, com minha aposentadoria, procurei novamente a máquina fotográfica.
O recomeço foi difícil. Sou fotógrafo de laboratório, revelador e paragem. Mudar do analógico para o digital requer paciência e trabalho, mas é fácil e criativo. Estou nas ruas da cidade quase todos os dias. Quem acorda cedo e anda antes do sol nascer na Esplanada dos Ministérios vai, um dia, me encontrar.