Dos palcos europeus às rodas de choro paulistanas: depois de uma temporada internacional que passou por países como Holanda e Alemanha, o Trio Baru teve uma breve parada por Goiânia e Brasília e segue pelo país em ritmo de celebração pelos 20 anos de carreira. O grupo realiza dois concertos gratuitos na capital paulista, nos dias 25 e 26 de setembro, levando ao público um repertório que cruza gerações da música brasileira.

No dia 25 de setembro (quinta-feira), a apresentação acontece na Escola de Choro de São Paulo (rua Belmiro Braga, 164, Vila Madalena), às 19h. Já no dia 26 de setembro (sexta-feira), às 20h, o grupo sobe ao palco do Espaço Cultural Casa Mundu Rodá (rua Southey, 106, Ipiranga). O acesso é gratuito para os dois espetáculos.

Para esta celebração, os músicos Nelson Latif, Sandro Alves e João Bosco de Oliveira prepararam um repertório que homenageia grandes compositores e reafirma a diversidade da música brasileira. No setlist estão clássicos como Ponteio (Edu Lobo), Pedacinhos do Céu (Waldir Azevedo), Fé Cega, Faca Amolada/Cruzada (Milton Nascimento), Canto de Ossanha/ Berimbau (Baden Powell), Lamentos do Morro/ Samba do Avião (Garoto/Tom Jobim), Santa Morena (Jacob do Bandolim), Disparada (Geraldo Vandré), Misturada (Airton Moreira), Um Tom para Jobim (Sivuca & Oswaldinho) e Bala com Bala (João Bosco), além de arranjos autorais e peças de Astor Piazzolla que sintetizam duas décadas de criação.

Trajetória e identidade

Considerado um dos grupos mais longevos e respeitados da cena instrumental em Brasília — onde nasceu e mantém sua base de trabalho —, o Trio Baru é reconhecido pela sonoridade acústica e autoral que atravessa fronteiras culturais.

O percussionista carioca Sandro Alves está no Baru há 10 anos e define a experiência como uma roda que nunca para de girar: “A gente se reencontra sempre com energia renovada, mantendo a essência do início. Cada um trouxe seu tempero musical e essa mistura gerou um som único, que é a cara do trio.”

Natural de Brasília, o violonista João Bosco de Oliveira considera a trajetória motivo de orgulho: “Começamos esse projeto com o desejo de fazer música instrumental brasileira com identidade, liberdade e respeito às nossas raízes. Somos mais que uma parceria artística. Temos uma amizade que amadureceu com o tempo e se fortaleceu em cada acorde.”

Já o violonista paulistano Nelson Latif descreve a sociedade do trio como uma simbiose criativa que impulsionou o trabalho ao longo do tempo: “Essas duas décadas são uma celebração da música, mas também da amizade e da resistência cultural. Manter um grupo instrumental no Brasil por tanto tempo é um desafio e só conseguimos porque há entre nós um respeito profundo pela arte e pela trajetória de cada um.”

Gênese europeia

O Trio Baru nasceu em 2005, a partir de um convite para tocar na Holanda, durante o tradicional Encontro Europeu de Capoeira. Na época, o grupo era formado por Nelson Latif, Bosco Oliveira e Fernando Corbal e foi batizado como Trio Violonístico, tornando-se depois Trio Baru. Nessas duas décadas, o grupo se apresentou em palcos de todo o Brasil e realizou turnês internacionais pelas Américas, África, Europa e Oriente Médio.

Paralelamente, construiu uma sólida base em Brasília, cidade que os músicos consideram sua “casa musical”. “Embora dois de nós não sejamos de Brasília, há algo nessa cidade que oferece tempo e espaço para o deleite artístico”, reflete Latif. “Brasília tem músicos excelentes e uma cena muito ativa, o que nos inspirou a evoluir.”

Entre os momentos marcantes da carreira, Latif destaca o concerto no The America Society, em 2009, na primeira viagem do grupo aos Estados Unidos, e a passagem por Moçambique, “uma experiência profundamente transformadora”, destaca o violonista.

Produção autoral e projetos

Em 2011, o Trio Baru lançou o álbum Alma Brasileira, com repertório autoral e homenagens a grandes compositores. Em 2016, o espetáculo foi retomado e levado à Guatemala e à Holanda. Em 2020, o grupo participou da websérie Marinho Lima e Trio Baru, gravada no palco do Teatro da Aliança Francesa de Brasília.

Em 2025, após dois meses de turnê pela Europa, o Trio Baru reencontra o público brasileiro em agenda especial. “É emocionante voltar de uma turnê internacional e compartilhar essa energia em nosso país. A cada palco, reafirmamos o quanto a música brasileira dialoga com o mundo, mas é aqui que ela encontra seu coração”, afirma Latif.

A temporada comemorativa iniciou em Brasília, passou por Goiás e agora segue pelos estados de São Paulo e Minas Gerais. No total, são 10 apresentações e a gravação de um EP com seis faixas autorais.

Sobre os músicos

Nelson Latif

Com o cavaquinho e o violão acústico, Nelson Latif formou sua identidade musical na lendária cena jazzística de São Paulo dos anos 1980. Com raízes no Choro e no Jazz, Latif funde estilos brasileiros e uma técnica de violão clássico com diversas influências musicais. Em seu fraseado melódico, ouve-se bebop e síncopes brasileiras. Como promotor cultural, tem coordenado projetos educacionais para universidades e instituições culturais ao redor do mundo.

João Bosco de Oliveira

O músico nasceu em Brasília e iniciou seus estudos de violão aos oito anos. Estudou na Escola de Música de Brasília e na Universidade de Brasília - UNB, graduando-se em 1992. Bosco participou de diversos concursos internacionais de violão e venceu quatro deles. Já se apresentou em Brasília e em outras cidades brasileiras, e sempre recebe excelentes críticas na imprensa brasileira. Bosco Oliveira foi professor do Departamento de violão clássico da Escola de Música de Brasília.

Sandro Alves

Carioca, o percussionista Sandro Alves é conhecido por suas raízes no samba. É especialista em misturar os estilos tradicionais da música afro-brasileira com o jazz moderno. Além de tocar no Trio Baru, Alves também pode ser visto em todo o Brasil como sideman (músico de acompanhamento) de alguns dos principais cantores do país.

SERVIÇO

Data e horário: 25/9 (quinta-feira) | 19h

Local: Escola de Choro de São Paulo (rua Belmiro Braga, 64, Vila Madalena)

Acesso: gratuito

Data e horário: 26/9 (sexta-feira) | 20h

Local: Espaço Cultural Casa Mundu Rodá (rua Southey, 106, Ipiranga)

Acesso: gratuito

Mais informações:

www.triobaru.com

www.nelsonlatif.com 





Fonte: Verbo Nostro Comunicação